domingo, 24 de julho de 2011

A LENDA DO SOL E DA LUA

Quando o Sol e a Lua se encontraram pela primeira vez, se apaixonaram perdidamente e a partir daí começaram a viver um grande amor, mas Deus determinou que o Sol iluminaria o dia e que a Lua iluminaria a noite, sendo assim, seriam obrigados a viverem separados.Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam. A Lua foi ficando cada vez mais amargurada emesmo com o brilho que Deus havia lhe dado foi se tornando solitária. O Sol por sua vez havia ganho um título de nobreza "ASTRO REI" , mas isso também não o fez feliz.

Você Lua, iluminará as noites frias e quentes, encantará os enamorados e será diversas vezes motivo de poesias.

Quanto a você Sol, sustentará esse título porque será o mais importante dos astros, iluminará a terra durante o dia, fornecerá calor para o ser humano e a sua simples presença fará as pessoas mais felizes.

A Lua entristeceu-se muito com seu terrível destino e chorou dias a fio ... já o Sol ao vê-la sofrer tanto, decidiu que não poderia deixar-se abater pois teria que dar-lhe forças e ajudá-la a aceitar o que havia sido decidido por Deus. Assim pediu a Deus que a ajudasse e este criou as estrelas para lhe fazer companhia.

A Lua sempre que está muito triste recorre as estrelas que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem. Hoje eles vivem assim .. separados, o Sol finge que é feliz , a Lua não consegue esconder que é triste. O Sol ainda esquenta de paixão pela Lua e ela ainda vive na escuridão da saudade.

Lua e Sol seguem seu destino, ele solitário mas forte, ela acompanhada das estrelas, mas fraca.

Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível, nem mesmo o da Lua e do Sol ... e foi aí então que ele criou o eclipse !

Hoje o Sol e a Lua vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer. Quando você olhar para o céu a partir de agora e vir que o Sol encobriu a Lua é porque ele deitou-se sobre ela e começaram a se amar e é ao ato desse amor que se deu o nome de eclipse. Importante lembrar que o brilho do êxtase deles é tão grande que aconselha-se não olhar para o céu nesse momento, seus olhos podem cegar de ver tanto amor.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PAI COMEÇA O COMEÇO?

Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: - pai, começa o começo?. O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.Meu pai faleceu há muito tempo (e há anos, muitos, aliás) não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, 'começar o começo' de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas 'tangerinas' são outras. Preciso 'descascar' as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis......Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para 'começar o começo' era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus:'Pai, começa o começo?'.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SURPRESAS DA VIDA

Quantas oportunidades perdemos por não estarmos preparados para as surpresas da vida. Entre tempestades e tsunamis percebo que vou fazendo as pazes com ela. Parece que finalmente estamos começando a nos entender. Estamos, por assim dizer, criando uma certa intimidade. Não discuto com ela e esta, por sua vez, não se esconde mais de mim.

Parece que depois de tanto bater a vida resolveu me acarinhar. Parece assim como se estivesse querendo me compensar, como se quisesse me dar um presente.
Presente aceito.
E eis que a vida me surpreende novamente!

CONSTATAÇÃO

Ouço a chuva caindo de mansinho como se estivesse com vergonha de aparecer nesta época já fria do ano. Parece que todas as lareiras se acenderam ao mesmo tempo tamanho é o cheiro de lenha no ar.

Percebo que também eu preciso sair transbordando meus sentimentos por aí. Mas tal qual a chuva, bem de mansinho. Represados que foram por tanto tempo hoje se parecem com aquela mala cheia que se teima em fechar inutilmente. Fecha de um lado, escapa do outro.

Desisto e deixo que se apresentem. Não sei bem se tenho mais medo deles ou estes de mim. Fato é que vão se apresentando, timidamente de início, mas me surpreendendo a cada dia.

Dores antigas, amores largados, renúncias, escolhas, boas lembranças, alegrias, más lembranças, tristezas.Mas como pode caber tanta coisa dentro da gente e sequer sabermos que as guardamos?

Continuo e me surpreendo ao encontrar uma paixão escondida. Impossível! Devo estar imaginando coisas. Logo eu tão racional. Onde estava guardado isto tudo?  E esta saudade tão grande que chega a doer. Como se pode guardar tamanha dor tão bem guardada?

E de pergunta em pergunta vou deixando que se apresentem. E quando percebo que não os temo mais estes se apresentam em toda sua plenitude. Gostosa e tranquilamente.

Constato então que se certo é fazer o certo, então porquê não deu certo?

Decido errar um pouco, afinal errar é ou não é humano? E saio errando gostosamente. Como é bom errar e aprender!

Finalmente posso começar a apreciar estes sentimentos sem medo, sem culpa, sabendo que já não podem mais me machucar.

domingo, 3 de abril de 2011

BAGAGEM II


Pode imaginar o que é ser uma mala sem alça? A mala em si já é uma coisa horrenda de se carregar e ainda por cima sem alça! Melhor é largar por aí.

É assim que eu entro nesta história. Sou a mala sem alça. Aquela que ninguém quer carregar.

Certo dia voltando de uma das muitas viagens pelo mundo a fora senti um baque. “Ai que dor! O que foi que houve? Será que caiu o avião?" Que nada fora só minha alça que arrebentara e lá estava eu, esparramada ao chão morrendo de vergonha de ser a causa de tamanho transtorno.

Tenta daqui, amarra dali e, por fim, largaram-me lá. Isto mesmo no meio do caminho, não sem antes me esvaziarem, é claro. E por ali fiquei sem saber para onde ir e nem como ir porquanto sempre fora carregada.

As pessoas passavam, olhavam e seguiam em frente. Um garotinho até que ensaiou me erguer sendo prontamente repreendido por sua mãe afirmando não prestar eu para mais nada.

Os dias foram passando e depois de muito chuta daqui, empurra de lá, fui parar em um canto de onde podia observar o vai e vem dos passageiros. Todos sempre com muita pressa para prestar atenção a uma mala velha.

Bem, posso dizer que a esta altura estava me acostumando com o meu destino e já estava até concordando com o fato de dizerem ser eu um traste inútil

Até que apareceu alguém carregado de coisas nos braços quase sem ter como segurá-las. E se deparou comigo num canto. Chegou mais perto, apoiou as compras no chão e cuidadosamente olhou meu interior. E para minha total surpresa, talvez por ter gostado do que viu, começou a arrumar suas coisas com mãos fortes e ao mesmo tempo delicadas como se licença pedissem por tamanha invasão e de modo a não deixar que nada me machucasse ou sobrecarregasse. E foi então que viu aquilo que todos já sabiam. Não havia alça.

“Pensei, que pena, tão delicado e tão diferente da mão que me conduzira anteriormente.”

De repente me ergueu do chão com seus braços fortes e me acomodou junto ao seu peito. Que sensação boa esta. Ser carregada junto ao peito e não mais jogada de uma mão para a outra, gesto este sempre acompanhado de uma ar de enfado.

Que gostoso era poder ouvir aquela voz tão de perto, me sentir abraçada, não importando mais se os corações pulsavam loucamente, mas sentir que pulsavam no mesmo ritmo. Ritmo alcançado apenas pela proximidade.

BAGAGEM I


Todos nós carregamos as nossas. Bagagem de mão, bagagem de despachar, bagagem cultural, bagagem-família, bagagem da vida, etc.

Algumas temos de carregar, outras despachar, outras ainda gostamos de ostentar, já outras tentamos esconder, outras tantas queremos nos livrar, mas o importante mesmo é controlar o peso que estas nos agregam ao longo da vida. Deveríamos poder fazer tal qual nos aeroportos e determinar o peso que podemos carregar.

 Se for levar na mão tem que se atentar para o fato de que após algum tempo estará pesando o dobro ou mais.

Se for despachar cuide de não exagerar na ida, pois com certeza voltará pesando o dobro.

Se for cultural pode exagerar, pois esta não pesa, ao contrário, quanto mais se acrescenta mais leve fica.

Se for a família redobre a atenção, não podemos nos perder deles nem eles de nós e, se porventura, a alça arrebentar há que se carregar até o fim, uma vez que não podemos abandonar nossas bagagens pelo caminho.

Se for o peso da sua vida há que se analisar de onde vem o peso. Se juntou coisas boas vale a pena carregar até o fim, mas se ao longo dos anos acumulou muito lixo livre-se o quanto antes, pois chegará o dia em que tentará se livrar e somente o que conseguirá é que este retorne para você. A isto chamam de apego sabe. Cuide para não se apegar aos seus lixos.

Agora difícil mesmo é agüentar o peso da consciência que se tem diante de um mundo tão arbitrário. E chego à conclusão de que feliz mesmo é o ignorante, na mais pura expressão da palavra, já que ninguém sente falta do que não conhece. Este segue pela vida sem consciência do não saber, sem cultura, sem peso, sem lixos e sem bagagem!

terça-feira, 15 de março de 2011

DIAGNÓSTICO


Em dias recentes acordei com uma grande, uma enorme dor. Doía muito. Lembro-me de ter pensado naquela frase de consolo: - Que sorte, morreu sem sentir nada! E porque logo eu haveria de sentir tudo? Não teria como anestesiar nem que fosse só um pouquinho.

Mas que nada, o tempo passava e a dor só fazia aumentar. Decidi procurar um médico, pois começava a desconfiar de algo grave.

Chegando ao consultório fui recebida por um médico de meia-idade, sereno, que com sua fala mansa começou a me fazer perguntas sobre o motivo da minha visita. Relatei a súbita dor que me acometera e da qual não conseguira me livrar com medicamento algum. Veio então a temida pergunta: - Onde dói? Como responder a isto sem parecer mais uma daquelas pessoas hipocondríacas apenas à procura de um novo lançamento laboratorial. E como não podia deixar de ser, para esta pergunta a mais óbvias das respostas, é claro: - Dói tudo. Tudo, disse-me ele? Ao que eu respondi: - Tudo, doutor!
Vamos então ao exame, deite-se ali.

E começou o exame pelos pés, pernas, abdômen, mãos, braços, não sem que eu soltasse um gemido a casa toque. E assim continuou chegando ao peito onde a dor me parecia já não ser tão intensa. Examinou olhos, ouvidos, nariz e garganta. Apertou têmporas, acima das bochechas, acima dos olhos e sem dar sinais de nada haver encontrado mandou que eu me vestisse. Após este meticuloso exame físico e mais algumas perguntas de ordem pessoal disse-me que parecia não haver nada errado comigo fisicamente e que só poderia haver uma explicação para tanta dor.

Eu estava com a dor mais intensa que o ser humano pode sentir. E veio então o tão temido diagnóstico.

Era dor na alma!  A alma dói quando o corpo já não consegue mais suportar a carga. A alma dói quando o coração já não sente mais dor. A alma dói quando o espírito se entristece e chora. A alma dói quando a esperança acaba. A alma dói quando a vida pesa tanto que o corpo fica anestesiado.

A dor na alma é a dor mais doída que já senti.

E assim aprendi que podemos adoecer de tudo, menos da alma. E também que podemos perder tudo, mas como dizia o poeta: “-Há de se conservar a alma.” Graças a Deus!