segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O TEMPO

O TEMPO

Foram anos ou apenas instantes. Melhor seria se tivessem sido apenas instantes, mas não, foram anos mesmo. Anos de uma vida que se perdeu por aí. Anos em que eu me perdi de mim mesma. É como se um dia adormecesse com 20 anos a acordasse aos 50. O que foi que fiz este tempo todo mesmo? Perdi-me na correria da vida. Eu que me achava tão consciente acabei sendo tão inconseqüente e, justamente com a pessoa mais importante: eu mesma.

A todos servi e de mim mesma esqueci.

Hoje me vejo barganhando com o tempo como se isto fosse negociável. Descubro que não é. Lembro-me de todos os conselhos dados aos filhos. Nonsense. Eu mesma deveria tê-los escutado.

O preço a pagar por tal esquecimento é alto, muito alto. As pessoas são implacáveis em julgar perguntando como pude deixar que isto acontecesse. Pessoas conscientes, antenadas, inteligentes não podem ficar à margem do mundo deste jeito. Concordo que não deveriam, mas o tempo parece nos preparar armadilhas para não o vermos passar.

Dizem que há um tempo para tudo. Tempo de plantar e tempo de colher. Mas como colher se plantamos em seara alheia, ou pior, como colher se a colheita já foi feita e o que sobrou foram apenas alguns grãos caídos no caminho.

Dizem também que o tempo tudo cura. Ou mata? Já que a ele ninguém sobrevive mesmo.

Um comentário:

  1. Adorei o texto...
    Lindo, e saiu do seu âmago, o que o deixa mais lindo com tamanha verdade...

    Bjão flor

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